Fornecer as mais importantes informações, que permitirão adequada compreensão do tema
Promover a comprensão dos aspectos mais importantes da metodologia do Discurso do Sujeito Coletivo
O Discurso do Sujeito Coletivo ou DSC é um método de pesquisa qualiquantitativo criado por mim, Fernando Lefèvre e por Ana Maria Cavalcanti Lefevre, no final dos anos 1990, como parte de minhas atividades como docente da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.
A partir desta data até hoje, o método passou por aperfeiçoamentos e a ele foram associados alguns softwares. O DSC tem sido progressivamente adotado por um número expressivo de pesquisadores de diversas áreas do conhecimento.
Extraído de Moura; Lefèvre; Moura (2012). “Narrativas de violências praticadas por parceiros íntimos contra mulheres”.
Coquetel violento
“Meu pai bebe muito e algumas vezes ele briga com minha mãe e bate nela. Fala que vai matar ela, mas são só palavras. Não faz nada mais do que bater. Minha mãe apanhou muito de meu pai quando ele chegava bêbado. Meu pai era alcoólatra e quando bebia ele batia muito nela. Além disso, meu padrasto bebe e ele fica xingando minha mãe e tenta bater nela, mas ela não deixa. Meu padrasto bebia muito e batia nela. Uma vez ele pegou um facão e bateu nas costas dela e ficou uma marca roxa. Meu pai bebia muito e batia muito na minha mãe. Depois de uns oito anos, ele adoeceu com um problema do fígado e aí ele voltou para a igreja e parou de bater na minha mãe. Ano passado o marido da minha irmã bateu nela. Ela não quis denunciar e começou a beber. Hoje, ela bebe muito e é ela que bate nele e ele só se defende e não bate nela. Meu primeiro marido bebia demais e ficava agressivo e me batia muito. Tinha alguém sempre para me salvar. Ele bebia demais e dormia com a faca debaixo do travesseiro. No começo ele não me agredia. (…). E me bateu uma vez. (…) Ele começou a vender e usar drogas e ficou violento. Me bateu algumas vezes e me ameaçou com arma uma vez. Mas ele era um bom homem.”
Tendência ao isolamento (idosos portadores de nefropatias diabéticas):
“eu não gosto muito de sair depois que fiquei doente. Participava de uma Igreja, mas agora não dá mais. Aqui tá difícil, a saúde já está incomodando, as pernas já não deixam andar, já não saio sozinho. O dia que você pensa em sair tem que fazer hemodiálise. A minha vista tá ruim e não dá pra ficar andando de cá pra lá. Eu não consigo andar muito, não consigo fazer nada, nunca mais fui a lugar nenhum. Tenho a televisão, mas quase não enxergo. Eu com a minha mulher saímos para comprar pão, vamos ao mercado. Vou a Igreja, dou umas voltas e também saio para o hospital. Vou ao mercado, meu netinho vai junto, vem visitas, […] tento visitar alguns amigos, mas eles trabalham, às vezes os filhos me levam. Lazer é mais só conversar, gosto de ouvir o rádio, porque quase não gasta. Antes da doença eu fazia, saía”. (LENARDT et al. O idoso portador de nefropatia diabética e o cuidado de si. Texto e Contexto Enfermagem. 17 (2), 2008, pág. 318).